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“Em nome do Führer, nomeio-o Burgomestre”

“Não se podia dizer que desejasse ser fabulosamente rico, o que igualmente lhe teria exigido energia e lhe traria muitas preocupações. No entanto, no mundo havia realmente discretas fontes de rendimento, rendas, ou muito simplesmente um bom ordenado remunerador de uma função tranquila e honorífica. (…)

Statsenko, chefe da Repartição, não trepava de patamar em patamar mas subia um a um os degraus da escada hierárquica. (…) Estava descontente porque a vida se recusava a oferecer-lhe todos os seus bens sem qualquer dispêndio de trabalho, de energia e de conhecimento. (…)”.

A personagem completamente secundária de A Jovem Guarda, de Alexandre Fadéiev, oferece, rastejando, os seus préstimos ao regime nazi, no momento em que este se instala na Ucrânia. O oficial nazi responde com desprezo, com ar extremamente enojado: “Diga-lhe que, em nome do Führer, o nomeio burgomestre [responsável municipal]”.

Nascida em 1945, esta descrição é do mais actual que há. Continuamos rodeados de gente cujo grande objectivo na vida é enriquecer sem nunca, ao longo de toda a sua existência, ter produzido nada de útil, relevante ou benéfico. Essa é uma das razões….

Estão criadas as condições

A outra razão é esta: Há 77 anos, nas vésperas da guerra, tínhamos regimes fascistas em Itália, Espanha, Alemanha e Portugal, e o regime comunista na Rússia (aliás, na União Sovética). Hoje, temos partidos ou políticos extremistas, radicais e anti-sistema (mas sem alternativas ao sistema) a ganharem cada vez mais influência política: Nos Estados Unidos, na França, Áustria, Finlândia, Holanda, Itália, Alemanha, Inglaterra. Regimes anti-democráticos na China, Rússia e Turquia. Na Europa, países a afastarem-se uns dos outros e a renderem-se de vez ao egoísmo, à intolerância, a olharem para os seus umbigos e nada mais que os seus umbigos.

Estão criadas as condições para se repetir tudo, e para que muitos Statsenkos nasçam em cada esquina. Nós, com o nosso voto, podemos fazer alguma coisa para travar a estupidificação do mundo e a repetição da História.

Isto não vem nada a propósito, mas Hitler foi eleito democraticamente.

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