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Fui ao Paraíso e voltei transformado em Elvis

São duas raparigas simpáticas e divertidas, não muito vestidas. Uma representa um anjo, outra um diabinho. Perguntam-me se prefiro ir para o inferno ou para o paraíso. Entro na brincadeira e respondo que, se me fizerem companhia, vou para onde quiserem. Acabam por ser elas a decidir, e, vá-se lá saber porquê, enviam-me para o Paraíso, após a pose para a fotografia da praxe.

 

O paraíso é a metade mais clara da loja da Chilli Beans no Rock in Rio, e é lá para dentro que vou com a minha amiga que veio comigo ao festival, graças a dois bilhetes muito generosamente oferecidos. Depois de observar meia dúzia de pares de óculos escuros, explicamos ao amável rapaz que nos atende que estamos desempregados, e não temos dinheiro para comprar essas coisas.

 

A próxima etapa não é menos hilariante. A representação dos supermercados Continente no RIR conta com uma animação que consiste em deixar os anónimos que por ali passeiam reproduzir canções em Karaoke, para diversão das dezenas de pessoas que assistem. Escolhemos I Want To Break Free, dos Queen, e esperamos pela nossa vez. Que chega, passados alguns minutos.

 

A noite é de boa disposição e esquecimento de tudo o resto: A minha amiga, com uma voz sonante e irrepreensível, assegura na perfeição a parte técnica da actuação. Comigo fica o lado cómico do acto. Enquanto puxo pela renitente garganta, ensaio uma coreografia a preceito, imitando talvez Freddie Mercury, ou Elvis, ou uma mistura improvável dos dois.

 

É um festival muito diferente daqueles a que estávamos habituados antigamente, os quais valiam pela música, a poeira e a cerveja. No RIR cheira-se e sente-se o numerário a rolar por todo o lado. As mais diversas marcas fazem-se representar no recinto, promovendo-se e apresentando os seus serviços. A comida e a bebida são variadas, mas, a avaliar pelos preços, convém sair de casa bem alimentado e levar umas quantas barras de cereais nos bolsos…

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