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Quando ela me diz que me ama

A escovagem dos três felinos lá de casa é uma aventura diferente todos os dias. O único gato que exigia e adorava esta actividade era o meu saudoso Chiquinho, que a entendia justamente não apenas como um cuidado de saúde, mas uma merecida homenagem diária, cheia de afecto.

Miava e miava, de todo eufórico com essa atenção distintiva.

Os seus três primos que me alegram os dias são mais difíceis de persuadir.

O meu Jeremias está a ficar velhote e pachorrento. Pego nele, insisto umas vezes e ele acaba por ficar uns minutos a ronronar, de lado, enquanto lhe retiro o pêlo morto.

Com a Amélinha (a “Gááta!!”) tenho uma nova técnica. Deixo-a atacar e morder à vontade no meu pulso a bracelete de pano do Dia do Voluntariado, 27 de Outubro (a sua actual obsessão), e assim consigo “esfregá-la” durante um a dois minutos para lhe puxar o lustro e retirar a pelagem danificada.

Com a Matilde, tudo é diferente.

Primeiro, escovo os outros.

Depois fecho-me na cozinha com ela, conversamos os dois, convenço-a, insisto, tento uma ou duas vezes…

Vou contando de zero a dez e ao contrário e fechando os olhos, respirando fundo, inspirando e expirando ao ritmo da contagem.

Acalmamo-nos os dois nesse êxtase meditativo.

Finalmente, aceita que a vá afagando repetidamente com o instrumento próprio, cinco, dez, quinze minutos, o tempo que eu quiser.

Olha para mim com um amor inexprimível.

Roça-se, esfrega-se, mia e ronrona.

Ficamos os dois tranquilos, felizes, banhados por um estado de espírito superior.

Escovar os nossos gatos não é só um acto de amor, que pode ser levado a cabo com escovas de borracha, as normais de pentear, pentes ou luvas de escovagem (o método mais carinhoso e que considero mais eficaz).

É também necessário para prevenir problemas de estômago e infecções urinárias, contribuindo para a higiene destes anjos de quatro patas e da casa.

É uma tarefa em que conseguimos unir prazer recíproco e tratamento felino.

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