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Uma entrevista de emprego fofinha

A mulher sobe no elevador, bate à porta, entra no escritório e é acolhida com grande amabilidade. Espera enquanto contempla uma vista invejável.

Entra um rapaz jovem, moreno, de lábios grossos, vestido com bom gosto mas informal.

Parece uma entrevista ao contrário. O interlocutor é invulgarmente simpático. Faz-lhe meia dúzia de perguntas mas nem lhe dá muito tempo para responder: Passa dois terços do tempo a falar da empresa.

É uma organização fantástica que fabrica peças de vestuário femininas, feitas à mão e mediante as exigências de cada cliente. Trabalha a partir do seu país para o mundo inteiro.

A companhia está repleta de eventos de construção de espírito de equipa, várias vezes por mês. O trabalho é exigente e muito variado mas o ambiente é excelente.

Enquanto ouve, interessado e atento, algumas das respostas, o recrutador ainda fala sobre a sua vida pessoal. De onde veio, o que faz aqui, as coisas que lhe agradam a nível profissional e fora do trabalho.

São 800 euros limpos, mais coisa menos coisa. Acima das últimas dez ofertas que recebeu. Mas a simpatia é tanta que a candidata fica completamente baralhada: Causou uma boa impressão ou teve um mau desempenho?

Mais tarde, haverá mais passos no processo de selecção… Mas uma ou duas horas depois, percebe que não perguntou quando será informada sobre o resultado da entrevista.

Acaba por enviar um mail a colocar precisamente essa dúvida. Não reagem logo, demoram umas quatro ou cinco horas. No final desse período, chega a resposta.

Lamentamos muito, mas não foi seleccionada. Foi um prazer conhecê-la.

A partir de agora já sabe. Quando o entrevistador é tão, tão amável que quase parece querer ajudá-la a ir passear o cão, é sinal de que provavelmente está tudo a correr muito mal.

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