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Um norueguês chega a Oslo

O segurança volumoso e anafado sorrira para nós às quatro da manhã, à porta do Oslo, e dissera: “São cinco euros”.

Há muito tempo que não me lembrava de ser tão espontâneo e oportuno.

Bem, é a primeira vez que me pedem dinheiro para entrar aqui. Costumamos vir cá regularmente. Conhecemos perfeitamente aquele senhor enorme que costuma estar ali à porta, aquelas meninas simpáticas que estão a servir… E nunca nos pediram dinheiro para entrar!”.

Bem, conhece-o, então como é que ele se chama?”. “Ora, estou sempre a cruzar-me com ele, mas o nome, não sei!”.

Ri-se e acaba por nos deixar passar. O tal senhor e as meninas estão lá dentro e também sorriem francamente, o que muito agradecemos e retribuimos.

Uma imperial depois, surge um jovem loiro e simpático de olhos azuis, norueguês. Fala inglês com carregado sotaque do seu país. Não percebo patavina do que diz.

A minha amiga está habituada a estas situações e entende tudo. O visitante pergunta-nos onde vivemos, e falamos-lhe de Lisboa e das praias da Margem Sul.

Ao contrário do que pensa, não são apenas as melhores. São, isso sim, “As Praias. As Verdadeiras”, explicamos.

É estranho encontrar alguém oriundo do Norte da Europa e tão conversador, mas a minha companheira de aventuras tem este efeito em toda a gente.

Além disso, o viajante explica-nos que os os seus conterrâneos não são bem nórdicos nem latinos, na personalidade. Estão a meio caminho.

Quer aprender a nossa língua e compara-a com a sua, perguntando-nos como se dizem algumas palavras. Elogia o feitio dos portugueses, gesticulando com os braços abertos, sublinhando que somos muito afáveis.

Critica os norte-americanos: Segundo ele, são péssimos. Exactamente ao contrário de nós.

Vou à casa de banho e volto. Vejo-o a fazer o caminho contrário, mas depois já não o encontro. No regresso, pergunto por ele à minha amiga.

Tinhamos-lhe falado, com múltiplos louvores, do Jamaica. É ali à frente, do outro lado da rua. Por causa da nossa veneração por esse lugar, se calhar foi para lá…?

Responde-me ela: “Não, tu não estás bem a ver! O gajo enganou-se na casa de banho. Foi à das mulheres. E o homem que costuma estar aqui à porta foi buscá-lo… Meteu-o fora do bar”.

Coitado do rapaz. Já não pode continuar a falar connosco. Pelos vistos é melhor a dialogar com raparigas desconhecidas do que a descortinar quais são as casas de banho masculinas e as femininas num bar de uma cidade estrangeira.

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