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A gata que se deixa hipnotizar

Agora também pratica a habilidade de abrir armários.

A Amélinha, aliás, a “Gááta!!” tem impressa nos seus genes a obsessão profunda por plásticos.

Muitas vezes, quando estou a arrumar as compras, tenho que me fechar na cozinha, sem ela, para que não roa, morda, destrua e engula todos os plásticos que esta periódica actividade envolve.

Acontece-me acordar a meio da noite, com um barulho meio “Psycho” e ao qual é impossível ficar indiferente. Scratch, scratch, scritch, scritch.

É o som de plásticos a serem destruídos. Mas quais plásticos?! Os que estão dentro do armário, e que ela libertou da sua inglória prisão, abrindo-o durante a noite.

Sempre achei que a minha “Gááta!!” era um ser extremamente obsessivo, determinado e capaz de estabelecer objectivos absolutamente claros, não hesitando diante de nada para os concretizar. E tenho provas disso a todos os dias e todas as horas.

Quando vou à rua ou chego a casa, este ser doce, meigo e negro voa para o exterior da porta do apartamento. Mia, dá gritinhos e protesta porque sabe que, nos momentos seguintes, vou tentar voltar a pô-la em casa. O que não é fácil.

Rebola-se e estica-se no chão, além de fugir de mim velozmente em círculos, para que não consiga apanhá-la, pegar-lhe e reconduzi-la.

Esta bebé de quatro anos e nove meses é plena de originalidades bizarras e enternecedoras. Todos os dias, dou-lhe um pedacinho de comida húmida renal, e outro ao Jeremias, o meu lindo tigre-gato-cão, para que fiquem bem hidratados e os seus rins funcionem melhor.

Às vezes, o Jeremias não quer este petisco. O pratinho fica ao lado dele, ele cheira-o e não lhe pega.

A “Gááta!!”, com a naturalidade mais desconcertante do mundo, termina o prato dela e a seguir limpa o do Jeremias, que está ali perto. “Se isto está aqui, é porque é para mim!”.

Enquanto preparo, duas vezes por dia, os tratamentos da “Gááta!!”, do Jeremias, da Matilde e do Chiquinho, esta pequena pantera doidinha fica ao meu lado. A um milímetro de mim. Praticamente em cima dos pratos com a medicação que estou a preparar. Estática como uma esfinge, ronronando sem fim, feliz e satisfeita com a perspectiva da comida húmida que vai engolir avidamente a seguir.

Se está enroscada nos meus pés, no sofá, pomo-nos a piscar devagarinho os dois olhos ao mesmo tempo um para o outro, o que faz com que ela adormeça. Uma espécie de hipnotismo felino.

Às vezes, isso tem o efeito contrário. Mia, dá um dos seus gritinhos ternos e amorosos e vem para o meu peito, para ficar mesmo bem coladinha a mim, enquanto a abraço, a acaricio e lhe dou beijinhos infinitos. A “Gááta!!” é assim!

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