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Estava escrito que ia ser assim

Havia duas semanas que pensava: “Dia 19 é a corrida da ponte. Tenho que ir pela outra. Dia 19 é a corrida da ponte. Tenho que ir pela outra. Dia 19 é a corrida da ponte. Tenho que ir pela outra”.

Chego à ponte… Trânsito, trânsito e mais trânsito. Ponte com acesso cortado. “Hm?! Porquêê, senhor agente??”. “Então,por causa da corrida”. “Hm… Pois. Achei que a corrida de hoje era na outra ponte, por isso vinha por esta, ao contrário do que faço todas as semanas… Ok”.

Vinte quilómetros extra. Rumo à outra ponte. Trânsito, trânsito e ainda mais trânsito. Hmm…

Há um acidente. O atraso já vai em quase duas horas. Ainda tento enfiar o nariz do carro pela berma, mas levo tal descompostura de um camarada automobilista que me resumo à minha incivilidade e ignorância e me deixo ficar sossegadinho na fila de 20 quilómetros, harmoniosamente compacta, em todas as três faixas.

É Dia do Pai, mas graças a estes imprevistos, já só o vejo de passagem e bem depois da hora de almoço.

A meio da tarde, eu e a minha mãe pegamos um no outro e vamos passear à Fonte da Telha, num desses percursos relaxantes que tanto gostamos de fazer no Inverno. Um erro imperdoável.

Também na bela e selvagem praia da Margem Sul o trânsito está parado e bloqueado (graças a carros estacionados no meio do caminho, impedindo a circulação rodoviária), de uma ponta à outra da nossa estrada adorada, um monte de pó e buracos que gostamos de percorrer saboreando o gosto da Liberdade.

Procuro um buraco para enfiar o carro e começamos o passeio uns quilómetros mais atrás, já que a tal estradinha foi interdita pela realidade. Ao regressar, uma hora e tal depois, continua a ser impossível circular em qualquer sentido e sair da praia, rumo à estrada de alcatrão.

Penetramos numa esplanada, pedimos um chá (de Vialonga, no meu caso), pomos a conversa em dia até ser quase de noite.

Na verdade, foi um dia magnífico, e com mais alguns minutos de conversa com o meu pai, titular da efeméride, no regresso a casa. Mas o que é facto é que a nossa “época balnear” – os nossos passeios na praia, feitos ao longo do Inverno – acabaram agora mesmo. E este já foi um bocadinho fora do tempo.

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