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Seres vivos como nós

Dois homens, uma mulher e um bebé chegam à praça central com um ar divertido e descontraído. Um deles parece ter uma posição dominante sobre os outros e convence o amigo a fotografá-lo enquanto dá milho aos pombos.

Depois, os grãos de cereal acabam-se e começa a dar aperitivos salgados às aves. Mais uma vez, vai sendo fotografado enquanto o faz. Para não mostrar uma atitude demasiado hostil perante estes turistas de fora da Europa, espero uns momentos e vou falar com eles, em inglês.

Sabia que nesta cidade existem regras contra a alimentação de pombos na via pública?”. Pergunta-me “para que é que é proibido”. Explico-lhe, simplificando, que está escrito numa lei (referindo os regulamentos municipais), que não é permitido e que pode dar origem a uma multa.

E aproveito para dizer, recorrendo ao senso comum, que oferecer acepipes salgados aos animais também não é uma boa ideia, porque pode ser prejudicial à sua saúde. “Ah, pois é, por causa do sal, não é?”. “Sim”.

De uma forma ou de outra, parece que a grande preocupação do homem era ser fotografado a dar comida aos bichos, para depois mostrar a imagem aos amigos.

Alimentar ou não os pombos na rua, além de ser assunto de regulamentos municipais, é também tema de alguma polémica. Quando se pensa em controlar a alimentação das aves por parte de quem passa na rua, a ideia será tentar evitar que se reproduzam excessivamente, o que tornará a sua vida mais difícil e levará a uma convivência complicada com a população humana.

Mas há também as pessoas que acham que, pelo contrário, estes seres alados sofrem com a fome e devem ser nutridos por elas… A mesma discussão se levanta quando se trata de cães, e especialmente de gatos.

No caso destes últimos, quando têm nutrição assegurada, os felinos que nasceram na rua ou foram abandonados por alguém reproduzem-se sem restrições. O resultado é que haverá mais animais sem dono nem protecção a viver na rua.

Se toda a gente (pessoas e instituições) se preocupasse em esterilizar as gatas e cadelas, promover a adopção dos animais de rua e lutar contra o seu abandono – e contra a compra e venda de mascotes, que leva a que as centenas de milhares de abandonados nunca sejam adoptados – com o tempo o problema acabaria por resolver-se.

Quanto aos pombos, as autarquias (algumas tentam fazê-lo) devem pensar na melhor maneira de não se reproduzirem tanto que não consigam sobreviver, e ao mesmo tempo terem uma existência digna e agradável. São seres vivos, tal como nós e todos os outros.

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