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O meu primeiro dia sem carne

A minha vida é um debate. Diga-se o que se disser, ser vegetariano e futuro vegan não é mais fácil do que ser comunista, fascista ou delegado de informação médica. Toda a gente acha que tem alguma coisa a dizer sobre o assunto.

Há mais de um mês, depois de apresentar o livro Cozinha 100% Vegetal e Saudável, da minha ex-aluna Carina Barbosa, iniciei um processo de reflexão profunda e pessoal, que durou uma semana. Sete dias depois, decidi.

Vou tornar-me estritamente vegetariano, não comendo carne, peixe, leite, manteiga, iogurte, queijo, ovos ou mel, não consumindo quaisquer alimentos de origem animal e evitando, o máximo que conseguir, comprar quaisquer produtos ou objectos com substâncias de origem animal.

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Amanhã, depois de gastar as minhas últimas reservas de peixe, será o primeiro dia dessa nova era. Depois desta reflexão prolongada e ponderada que fiz, deixou de fazer sentido para mim promover, apoiar ou participar no extermínio em massa, na tortura permanente e incessante, no massacre, no sacrifício e no abuso infindável e desnecessário de animais.

Há uma extensa, completa e deliciosa lista de alimentos que nos dão as proteínas e nutrientes de que necessitamos, sem que tenhamos que comer cadáveres de animais abusados e torturados. Além de não fazer sentido apoiar esse massacre, o Planeta também não o sustenta.

Para comermos os animais que na verdade não precisamos de ingerir, e para alimentá-los, ocupamos extensíssimas superfícies de terra, para produzir comida para eles.

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A indústria agro-pecuária faz com que poluamos muitíssimo mais do que poderíamos, e do que o Planeta pode aguentar, para continuar a possibilitar-nos viver nele. Derrubamos florestas ricas em fauna e flora para poder plantar alimentação para os animais que comemos. Se a Humanidade não comesse carne, poluiríamos e danificaríamos muitíssimo menos a Terra e o seu equilíbrio ecológico.

Mas ninguém está preparado para esta revolução. Há infinitas questões que vão surgir todos os dias na vida de alguém que anuncia tornar-se vegetariano:

Mas eu gosto muito de carne!”. Na verdade, existem muitos outros sabores novos, diferentes, irresistíveis e saudáveis, que não implicam o uso de produtos de origem animal.

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As plantas também sofrem e sentem? Para podermos comer cadáveres de animais, precisamos de semear e plantar muito mais plantas do que se só comermos alimentos de origem vegetal. Assim, um vegetariano terá na sua consciência infinitamente menos mortes de plantas do que um carnívoro.

As plantas têm sentimentos e consciência? É mais que lógico que as plantas sentem e reagem. Mas que tenham sentimentos e consciência? A ciência humana, que até sabe algumas coisas, não encontrou nestes séculos todos qualquer prova ou indício de que as plantas tenham consciência e sentimentos. São estruturas biológicas e orgânicas bastante mais simples do que os mamíferos e os animais sencientes (sensíveis e conscientes) em geral.

Quanto aos animais, nomeadamente os mamíferos (e não só), em relação a eles é extremamente real e evidente que têm sentimentos e consciência. Que as vacas e porcos que são comidos pela Humanidade são, na verdade, pouco diferentes dos cães e gatos que temos em casa e amamos profundamente, como familiares.

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Ser vegan, não consumir quaisquer produtos de origem animal, é radical, extremista, fanático… É? Ser fundamentalista é algo que se associa normalmente à cegueira intelectual. Há maior cegueira do que não querer ver o sofrimento extremo, desnecessário e injusto de seres vivos sensíveis e conscientes, em nome da manutenção do supremo prazer de comer carne?

Ser vegetariano ou vegan é uma mudança exagerada, radical: Não é normal comer carne uma vida inteira e de repente mudar… A nossa sociedade está muito formatada para a carne e os carnívoros. Embora todos os cientistas e médicos saibam que no Ocidente se ingere um enorme excesso de carne e proteínas, todo o sistema industrial e publicitário, de marketing, fabrico e lavagem cerebral está virado para o consumo de carne.

Desde os desenhos animados infantis aos livros de banda desenhada para crianças, vivemos no reino da manipulação e da mentira. Os animais que são comidos são mostrados vivendo uma existência feliz e idílica, como se gozassem do mais sublime bem estar, quando apenas conhecem o abuso e a tortura.

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O “leitinho” é mostrado como um alimento que precisamos de consumir desde o berço até à cova. Quando qualquer mente lógica e informada sabe que o humano é a única espécie que bebe leite na idade adulta… Para quê?

Do mesmo modo, a carne é um símbolo saloio de prestígio e poder económico e social, sendo ao mesmo tempo retratada como algo essencial e necessário à nossa alimentação, o que é outra falsidade. Até quando viveremos na mentira?

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  1. Obrigada! Para quem como eu, sem pingo d dificuldade abuliu os Animais no prato, na roupa, etc., as suas palavras soam a música.